Então, estávamos já há mais de 48 horas da bolsa furada.
Sentada na sala de entrada do Pronto Socorro Obstetrício.
Nossa situação, já era sabida.
Cheguei ao hospital com acessos e alguns curativos das medicações já tomadas no outro hospital.
Mas não havia quarto.
Não tinha um local para que eu pudesse me deitar e deixar meu bebê repousar.
Fui atendida ali por um, dois, três médicos... o ultrassom já havia sido refeito e a resposta era óbvia: a bolsa estava vazia de líquidos. Havia apenas o bebê e a placenta.
Mas por quê não tirar o bebê logo? Quais os riscos? Ele estava bem?
Não tive estas respostas, embora meu esposo e eu tivéssemos sentado frente à médica e lhe perguntado diretamente.
Havia riscos? Sim... e esta resposta, ela (insensivelmente) nos deu sorrindo.
Ok.
Voltei à enfermagem e comecei um desesperado pedido por soro. O relógio marcava por volta das 14h. e eu estava ali... insistindo
A enfermeira me disse que ele estava prescrito para mim. Mas, apenas para ser administrado às 18h.
O soro era importante para hidratar o bebê. Eu precisava beber cerca de 3 litros d'água (já havia bebido 5) e do soro.
Eu comecei a pedir a enfermeira que falasse com a médica. Que intercedesse por mim.
Depois de muito vai e vem, ela me disse que seria possível. Acontece que não havia quarto, então agora esta seria a nova desculpa.
Eu parei de frente a ela e disse: não me importa onde eu esteja para isso. Por favor, me dê soro. Eu sento numa cadeira, num canto, na recepção.. eu apenas preciso do soro.
Arrumaram uma poltrona e me colocaram num cantinho.
Ali eu fui medicada, hidratada e me alimentei.
E então, mais uma vez, coloquei a mão na barriga e disse para ele: "Eu sei que você está cansado, mas por favor, dê uma mexidinha pra mamãe saber que você está bem!"
Ele mexeu "pequenininho", e parou.
Eu agradeci com lágrimas nos olhos e lhe pedi que descansasse.
No meio de uma tempestade tão confusa, ele estava se esforçando pra que meu coração pudesse descansar.
E a ternura que invadiu aquele momento, será eterna para mim!
Era apenas ele e eu, uma bolsa de soro num cantinho escuro daquele andar do hospital, e as orações para que ele chegasse bem a este mundo (como chegou!).
Nenhum comentário:
Postar um comentário